Obs: prefiro a capa original a esta do filme!
Editora: Intrínseca
Autora: Lionel Shriver
ISBN: 9788580571509
Ano: 2007
Páginas: 464
Sinopse: Para falar de Kevin Khatchadourian, 16 anos - o autor de uma chacina que liquidou sete colegas, uma professora e um servente no ginásio de um bom colégio dos subúrbios de Nova York -, Lionel Shriver não apresenta apenas mais uma história de crime, castigo e pesadelos americanos: arquiteta um romance epistolar em que Eva, a mãe do assassino, escreve cartas ao marido ausente. Nelas, ao procurar porquês, constrói uma reflexão sobre a maldade e discute um tabu: a ambivalência de certas mulheres diante da maternidade e sua influência e responsabilidade na criação de um pequeno monstro.
Precisamos Falar Sobre Kevin discute casamento e carreira; maternidade e família; sinceridade e alienação. Denuncia o que há de errado com culturas e sociedades contemporâneas que produzem assassinos mirins em série e pitboys. Um thriller psicanalítico no qual não se indaga quem matou, mas o que morreu. Enquanto tenta encontrar respostas para o tradicional "onde foi que eu errei?" a narradora desnuda, assombrada, uma outra interdição atávica: é possível odiarmos nossos filhos?
Precisamos Falar Sobre Kevin discute casamento e carreira; maternidade e família; sinceridade e alienação. Denuncia o que há de errado com culturas e sociedades contemporâneas que produzem assassinos mirins em série e pitboys. Um thriller psicanalítico no qual não se indaga quem matou, mas o que morreu. Enquanto tenta encontrar respostas para o tradicional "onde foi que eu errei?" a narradora desnuda, assombrada, uma outra interdição atávica: é possível odiarmos nossos filhos?
Esta não é uma história feliz, é uma história bem feita. Não espere terminar a leitura com leveza, e sim com um grande respeito pelo talento da autora e por Eva, a protagonista. Com um texto carregado de culpa e dor, ela nos conta, por meio de cartas endereçadas ao seu marido, a história da família deles e de como sua vida foi destruída pelo filho mais velho, Kevin. Mas ela não está atrás de desculpas ou de amenizar o que aconteceu. Com uma grande dose de auto-punição, esta mulher aceita todas as desgraças que acontecem em sua vida depois dos atos do filho psicopata, e vai de encontro ao próprio sofrimento como se essa sua coragem pudesse trazer uma absolvição.
A história pode ser interpretada de duas formas diferentes, e durante toda a leitura você mudará de opinião diversas vezes. A primeira opção é que Kevin seja um psicopata de berço, de forma que seria natural todas as atrocidades que cometeu e o consequente desamor de sua mãe - e, neste caso, ela estaria se punindo por uma tola necessidade de autoflagelamento, já que nada do ocorrido seria sua culpa. Outra opção é que apesar da apatia de Kevin, o egoísmo da mãe e renúncia em amá-lo tenha condicionado seus crimes, no que ela talvez estaria nos contando a história de forma um pouco distorcida, para aliviar sua culpa. A impressão que fica é a de que as múltiplas opções de interpretação são propositais, afinal esta história deve ser vivenciada sobre a ótica desta mãe perdida, e a confusão causada no leitor não pode ser um mero acaso.
A enredo não é claro ou linear, mas é compreendido pelo leitor conforme é contado pela narradora-protagonista, que vai formulando seu pensamento em uma conversa feita por meio de cartas endereçadas ao seu (ex?) marido. As cartas se alternam entre relatos do passado da família, com episódios que demonstram claramente a tendência sociopata de Kevin, e do presente terrível de Eva, que é um resultado das ações do filho. Eva já passou do seu limite e não tem mais pudor de ser franca consigo mesma, com suas fraquezas e seus erros. De certa forma, o texto de Lionel Shriver remete a Clarice Lispector com seu poder reflexivo e existencialista, embora muito mais cru e carregado de uma honestidade desconcertante, que atrai nossa atenção como uma cena terrível na rua da qual não conseguimos desviar o olhar, sádicos curiosos que somos.
Outro ponto que impressiona é a construção dos personagens, que são multifacetados e muito possíveis. Eva é uma mulher culta, viajada, bem sucedida e independente. Kevin é um garoto fechado, inacessível à sua família e ao leitor, uma incógnita. Seu pai é um clichê norte-americano, com sua fé em seu país e na normalidade - inclusive na do seu filho. Há ainda uma quarta personagem, a mais encantadora, da qual prefiro não falar muito para evitar spoilers, mas que é peça chave e traz grande sensibilidade à leitura.
O livro pode trazer dificuldade para aqueles acostumados com leituras mais acessíveis, tanto por fazer uso de uma linguagem mais sofisticada quanto pela complexidade emocional da narrativa. Além disso, a introdução feita pela protagonista trata de Nova York como se já a conhecêssemos bem, algo que pode causar certa irritação. No entanto, é uma obra contemporânea sem comparação e estou certa de que você não se arrependerá de ser perseverante e prosseguir com a leitura. Indicado para quem aprecia histórias de psicopatas, narrativas introspectivas, analíticas e cheias de reflexões profundas, "Precisamos Falar Sobre Kevin" foi um dos melhores livros de 2012, até agora. Inteligente e surpreendente, ele vai te deixar perplexo com a qualidade de escrita de Lionel e completamente cativado pela autora.
Outro ponto que impressiona é a construção dos personagens, que são multifacetados e muito possíveis. Eva é uma mulher culta, viajada, bem sucedida e independente. Kevin é um garoto fechado, inacessível à sua família e ao leitor, uma incógnita. Seu pai é um clichê norte-americano, com sua fé em seu país e na normalidade - inclusive na do seu filho. Há ainda uma quarta personagem, a mais encantadora, da qual prefiro não falar muito para evitar spoilers, mas que é peça chave e traz grande sensibilidade à leitura.
O livro pode trazer dificuldade para aqueles acostumados com leituras mais acessíveis, tanto por fazer uso de uma linguagem mais sofisticada quanto pela complexidade emocional da narrativa. Além disso, a introdução feita pela protagonista trata de Nova York como se já a conhecêssemos bem, algo que pode causar certa irritação. No entanto, é uma obra contemporânea sem comparação e estou certa de que você não se arrependerá de ser perseverante e prosseguir com a leitura. Indicado para quem aprecia histórias de psicopatas, narrativas introspectivas, analíticas e cheias de reflexões profundas, "Precisamos Falar Sobre Kevin" foi um dos melhores livros de 2012, até agora. Inteligente e surpreendente, ele vai te deixar perplexo com a qualidade de escrita de Lionel e completamente cativado pela autora.
Nota: 5/5
Capa: 5/5
Leria de novo? Talvez.
Além disso, este livro me mostrou que Lionel é arrasadoramente apaixonante e eu não vejo a hora de engolir qualquer rabisco que ela decidir colocar no papel!
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