Resenha: Marta - Breno Melo

Editora: Schoba

Autor:  BRENO MELO

ISBN: 9788580130140

Ano: 2010

Número de páginas: 216

Skoob

Sinopse: Marta é bipolar, adolescente e tenta viver uma história de amor. Um velho psiquiatra, disposto a produzir Literatura leiga e fugir das teses para o meio acadêmico, narra os fatos mais significativos da vida de Marta, abrangendo toda a sua primeira adolescência, até que possa caracterizá-la como bipolar tipo I. O mais original é que ele mostra Marta às voltas com a vida que todos levamos — tentando viver sua própria história de amor — e não apenas com o transtorno em si ou tratando dele.

"Talvez, de fato a felicidade seja o que as pessoas normais podem ter de mais parecido com a loucura (...)" Marta, pág. 49

"Marta" conta a história de uma menina de mesmo nome que é completamente apaixonada por João, um ex-namorado que a magoou no passado. A sinopse do livro gera uma grande expectativa quanto ao seu narrador psiquiatra e ao caráter bipolar da protagonista, porém, durante a leitura não notei grande presença dessas características, o que foi muito frustante. Afinal, as atitudes de Marta são completamente justificáveis pela forma como ela vê João. Para ela, ele é o amor da sua vida - e, ao menos na minha opinião, qualquer sofrimento é justificável sob esse pretexto (#romântica). A leitura não foi ruim, mas não cumpriu o prometido, se mostrando um romance diferente dos que estamos acostumados a ver, mas também bastante pretensioso de uma forma que não me agradou.

Na linguagem de "Marta" a intenção me pareceu remeter aos clássicos. No entanto, a  leitura não fluiu de forma natural. A sensação foi de que havia um esforço em trazer referências da psicanálise, filosofia e mitologia para a história, algumas vezes de forma excessivamente didática, como se o leitor fosse subestimado. As referências são até interessantes,  o problema foi o seu excesso e o peso que elas deram para o enredo ao serem inseridas na fala de adolescentes, que pouco provavelmente teriam tanta bagagem e conhecimento acumulados. E  por causa dos vários momentos reflexivos do narrador e de seus personagens, o livro se torna lento, sem ação, o que pode desagradar alguns leitores.

A história também é pouco crível se contrapormos a época em que se passa com os valores dos personagens. Afinal, a história deveria ser contemporânea já que, por exemplo, seus personagens têm celulares. Porém, em alguns momentos a sua norma social parece ser de tempos mais antigos, como quando a mãe de Marta deseja casá-la a todo custo, ou quando ela é obrigada a namorar na sala.

Em suma, embora esta leitura tenha sido agradável em alguns momentos, ela me trouxe bastante incômodo por suas contradições. Acredito, sim, que o autor escreve muito bem. Seu repertório é vasto, bem como seu conhecimento em diversas áreas. Mas acredito que seja necessário um equilíbrio em seu trabalho para que a leitura dele seja mais prazerosa, e para que o enredo ganhe mais coesão e leveza.

Nota: 2/5
Capa: 2
Leria de novo? Não.