Editora: Rocco
Autor: CLARICE LISPECTOR
ISBN: 853250812X
Ano: 1998
Número de páginas: 87
Sinopse: A nordestina Macabea é uma mulher miserável que mal tem consciência de sua existência e que, depois da morte de sua tia, viaja para o Rio. Um romance sobre o desamparo a que, apesar do consolo da linguagem, todos estamos entregues.
"Só então vestia-se de si mesma, passava o resto do dia representando com o obediência o papel de ser." Pág. 36
Não sou especialista de Clarice. Na verdade, apesar de ter me apaixonado na primeira página, este é o meu primeiro livro da autora e se você está aqui para colar algum trabalho de colégio te aconselho procurar em outro lugar. Ou melhor, te aconselho ter um pouco de amor próprio - a começar por essa leitura maravilhosa. Se você precisa lê-la ou se tem uma mínima curiosidade por ela, veja por si mesmo: delicie-se com este livro breve e intenso como se fosse um brigadeiro de colher - ou uma torta de limão, no meu caso.
"Porque há o direito ao grito.Então eu grito." Pág. 13
O livro conta a história de Macabéa através do Narrador Rodrigo S. M. que praticamente monopoliza a própria narrativa. O narrador está tão imerso nas suas concepções sobre a existência que parece-lhe difícil contar a história a que se propõe. Por fim, ele acaba contando a história da protagonista com um grande resquício dele mesmo, o que é ótimo porque ele é interessantíssimo. Já Macabéa nos intriga pelo pouco que tem a oferecer, ou talvez pela sua existência encantadoramente vulgar.
O tempo do livro é fortemente fixado no presente. Você se transporta para o momento do narrador enquanto ele constrói a história, e de certa forma parecemos acompanhar seu fluxo de consciência durante essa construção. Ou seja, acompanhamos seus pensamentos e sentimentos no seu momento de criação e, com isso, ele se faz mais protagonista que Macabéa.
"Escrevo porque sou um desesperado e estou cansado, não suporto mais a rotina de me ser e se não fosse a sempre novidade que é escrever, eu me morreria simbolicamente todos os dias." Pág. 21
Se tem uma coisa que aprendi com "A Hora da Estrela" é que Clarice é abundante em citações e poesia, e existe para ser degustada. Ao contrário do que se fala, seu texto não é de difícil entendimento. O que acontece é que, com ela, cada frase é um soco no nosso estômago ou um insight poderoso, então a leitura não será tão fácil quanto a de um livro comercial. Ela faz umas considerações muito fortes sobre a vida, a morte e tudo o que nos marca no meio, e nos conquista por mexer com nossos sentimentos, nossas ideias, nossos medos e pessimismos. Mas de uma forma boa, acredite.
"Se tivesse a tolice de se perguntar "quem sou eu?" cairia estatelada e em cheio no chão. É que "quem sou eu" provoca necessidade. E como satisfazer a necessidade? Quem se indaga é incompleto." Pág. 15
Nota: 4/5
Capa: 2/5 (é bem sem graça, né?)
Leria de novo? Sim, lerei com certeza.
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ps1: Hoje é aniversário do meu irmão, posso ser brega e desejar feliz aniversário mesmo sabendo que ele não vai ler isso? Hahaha...
Li esse livro quando tinha 13 anos, e agora estou relendo, gosto muito da história da Macabea
ResponderExcluirLinda a resenha, é isso aí... Macabéa é uma personagem que causa estranhamento, revela-nos que precisa significativamente SER, e não existir de qualquer forma. E a náusea, característica comum à literatura de Clarice, é de um certo existencialismo sartriano que, no caso de Macabéa, é a constante dor que ela sente, e precisa senti-la para sentir a vida. É uma dor que no final das contas faz bem... O que achou do final? Fantástica a morte! Tida uma existência vazia e insignificante, vivendo como morta, ela então deita-se no chão e em posição fetal, sente a vida ali! Seu nascimento é na morte. É preciso pensarmos na Macabéa como muitos de existência vazia por aí... ela enfim é vista e focalizada pela sociedade apenas ali, quando atropelada, ensanguentada, conhece então sua hora de brilhar!
ResponderExcluirabraços,
Luciana
http://www.folhasdesonhos.blogspot.com
Eu tenho muito interesse em ler todas as obras de Clarice, mas o que me falta é tempo. Já ouvi comentários muito positivos sobre a escrita dela, além de falarem que suas histórias servem muito para reflexões e etc.. Pretendo ler pelo menos duas obras dela ainda esse ano, vamos ver se eu consigo! :D
ResponderExcluirBeijos!
http://livrosnacabeca.blogspot.com
Clarice sempre tem meus "Likes"!
ResponderExcluirGosto muito
Abraços
www.novasmemorias.com
Ai esse livro é muito fofo né? Adoro Clarice! Ainda não li tudo o que gostaria sobre ela, mas sou fã! :)
ResponderExcluirBeijos
Oi, Mari! Feliz por você ter gostado de Clarice! Ela é profundamente inquieta e mexe conosco, através de sua escrita singular. Minha autora preferida... Esse também foi o primeiro livro dela, que não gostei muito, mas li há tanto tempo que creio que agora releria com outra visão - e é o que farei esse ano. Depois li Uma Aprendizagem, que é sensacional! A Hora da Estrela foge um pouco do estilo de Clarice por ter tantos acontecimentos exteriores, ela disse até que essa novela foi um "vômito"; quando a autora escreve mais introspectivamente considero ainda melhor. Espero que você ainda leia muitos livros dela; eu pretendo ler todos.
ResponderExcluirBeijos,
Tarsila
Oi, Mariana, que bom que gostou. Já estudei um bocado sobre Clarice (estou terminando Letras), amo muito!
ResponderExcluirOi Mari!
ResponderExcluirObrigada por me ajudar com essa resenha da Clarice e por ter me dedicado. :D
Bom, em primeiro lugar fiquei impressionada com o número de páginas que o livro tem. só 87? Pensava em algo com algumas a mais pelo menos.
Fico feliz que o texto da autora não seja complicado como eu tinha achado que era. Com certeza vou procurar algum exemplar dela para ler e te conto depois de ler o que eu achei, tá bom? :)
Parabéns pela resenha, adorei! *-*
Beijos.
Obs.: primeira vez que vejo você falando que vai ler de novo um livro resenhado por aqui. sempre presto atenção nesse quadrinho azul no fim das suas resenhas, rsrs! :D
Adoro a Clarice Lispector, esse livro eu ainda nao li, mas esta na minha meta de leitura desse ano!
ResponderExcluirWendell Carvalho
Something 'Bout Books
Boa noite Mariana,
ResponderExcluirEsta ai uma autora que tenho muito curiosidade em relação as sua obras, gostei da resenha e fiquei curioso, um dia irei ler.
Abçs.
http://devoradordeletras.blogspot.com/
Primeiro... Parabéns atrasado para o seu irmão.
ResponderExcluirSegundo, Que resenha ótima, acabou de me convencer a ler mais um livro da Clarisse, eu sou uma das idiotas que só leu a Clarisse por vestibular e tem raiva daqueles que ficam a citando no twitter hehehe, Mas agora vou dar uma procurada nesse livro para ler.
Também não acho a clarisse uma leitura difícil, acho ela uma leitura completa. É tão cheia de informações, de ques e porques que as pessoas se atrapalham e aqueles que não tem vontade de se aprofundar no pensamento sobre a vida, não conseguem deixar se levar pela onda que é Clarisse.
www.pausaparaumcafe.com.br