Sinopse: Uma narração empolgante, escrita com grande sensibilidade. A união de um povo pela força e espírito de resistência. Escritor espanhol e autor de best-sellers como "Paixão Índia" e "O Sári Vermelho", Javier Moro está de volta. Reconhecido por obras que mesclam fatos históricos com diálogos ficcionais, Moro agora narra o calvário de Kinsom e Yandol, duas jovens monjas que, oprimidas no Tibete, resolvem ir buscar refúgio junto ao dalai-lama. Neste livro, somos convidados a descobrir a alma desse povo unido por sua força indomável e seu espírito de resistência. Um verdadeiro relato de perseverança da fé e força diante da opressão do governo chinês.
"Por mais brutal e violenta que seja, a repressão não poderá calar a voz da justiça e da liberdade." As Montanhas de Buda, pág. 26
O budismo, religião para alguns e filosofia para outros, é um assunto que me interessa bastante. Gosto da forma como os budistas vêem e vivem a vida, como negam o prazer para afastar a dor, como praticam o desapego e buscam o aprendizado constante. Suas práticas e suas interpretações sobre as experiências humanas são sempre impregnadas de sabedoria, e qualquer leitura sobre o budismo, para mim, tem sempre um saldo positivo. Então, como vocês devem imaginar, fui cativada pelo título deste livro assim que o vi.
Mas nem tudo que reluz é ouro.
Durante a leitura d'As Montanhas de Buda minha curiosidade sobre o desenrolar da história não foi despertada. O autor estruturou seu texto com uma alternância entre narração de fatos e ficção. Porém, no fim nas contas, não fez nenhum dos dois direito. Houveram momentos em que eu fiquei realmente irritada, porque assim que começava a me interessar pela história da protagonista eu era interrompida por um capítulo de fatos históricos. Ou vice-versa.
E o pior é que os dois lados são igualmente interessantes: dava pra fazer dois livros muito bons. A história da invasão do Tibete é revoltante quando nos mostra as barbaridades que o ser humano é capaz de fazer, mas também é enriquecedora ao tratar da vida do Dalai-Lama. Enquanto isso, a ficção trata da resistência e fuga das monjas do autoritarismo da China sobre o Tibete, numa história emocionante sobre o nacionalismo, a força e a fé do povo tibetano. O livro tinha dois potenciais, e o grande problema é que nenhum deles foi explorado suficientemente. E o que ocorre quando se faz um livro alternando duas narrativas mal resolvidas é que o leitor acaba duplamente frustrado.
Em suma, queridos: o livro é bom porque mesmo no seu conteúdo fragmentado apresenta uma janela pro genocídio que a China executou sobre o Tibete, o que infelizmente foi pouco discutido no mundo e na mídia. Mas ele é ruim porque não cativa o leitor e torna a leitura um pouco chata. Então ele é 'marrômenos' (mais ou menos), entendem?
Mas, é claro que esta foi a forma como eu percebi o livro. Se tiver vontade de lê-lo eu aconselho que você busque tirar a sua própria conclusão - e peço que volte para me contar o que achou da leitura: eu vou adorar receber uma 2ª opinião!
Nota: 2.5/5
Capa: 4/5
Leria de novo? Não
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Gostou da resenha? Odiou? Tem opiniões, sugestões ou dúvidas?
Pois fique a vontade para comentar sobre o que quiser!
:)
Alô, Mari!
ResponderExcluirEssa estratégia de aliar fatos históricos com uma narrativa ficcional é complicada, porque pode ser um sucesso absoluto ou um fracasso total. Veja o Dan Brown, por exemplo, que fez todos os seus best sellers cheios de informações interessantes sobre arte, religião e sociedades secretas. Da mesma forma, já li alguns livros onde fatos históricos eram abordados de cima, sem muita relação com a trama: a impressão que fica é que estamos lendo um livro didático.
Logo, acho que não há nada de ruim em ter um pano de fundo histórico na obra, mas é melhor fazer com que isso dialogue com a narrativa, é melhor infiltrar os personagens nesse contexto.
De qualquer forma, ótima resenha! Ótima mesmo!
Um beijão!
http://livrosletrasemetas.blogspot.com/
Mari!
ResponderExcluirAdorei a resenha! Como vc escreve bem! Tava sentindo falta de blogueiras assim!
bjoks
desse ser uma historia triste hein?1 sofrida, ams que com certeza boa!
ResponderExcluirEh um dos lugares que tenho vontade de conhecer eh a cHina, existem muitas beleza lah, eh uma pena existir tanto sofrimento tb =/
letracomasa.blogspot.com
bjuu
Sempre gostei destes tipos de livro capaz de juntar fatos históricos.
ResponderExcluirOi Mari, apesar da sua opinião sobre o livro não ser lá das mais positivas, acho que vou ler e tirar as minhas próprias conclusões a respeito, depois volto e conto o que achei, tá?
ResponderExcluirBeijos
Posso até estar enganado, porém a história de Kinsom e Yandol também é verídica... Imagino que o autor, ao romancear os fatos, tenha feito alterações, mas, em essência, tudo narrado no livro ocorreu. Isso fica claro logo nos "Agradecimentos" (a não ser que Javier Moro viva em um mundo de fantasias ou tenha esquizofrenia aguda):
ResponderExcluir"[...] quero agradecer também a Kinsom e a Yandol, que não se opuseram a me comunicar, com admirável simplicidade, os detalhes de sua detenção e de seu calvário" (p. 9)
Acho que o livro tem problemas, mas o intercalar das narrativas não me incomodou. Confesso até que achei interessante.
Por fim, no meu entendimento Budismo é religião. Quem vê como sistema filosófico talvez não tenha o compreendido direito... Não os culpo, pois o assunto é complexo e o que chega ao Ocidente muitas vezes são leituras erradas. Enfim, só minha opinião...
Pois eu tive a mesmíssima impressão que tu tivesses... Adoro Javier Moro e a forma que ele escreve, pesquisando a fundo e traduzindo de forma espetacular o tema proposto... mas neste especificamente não me senti arrebatada pela história, era como se ele apresentasse os fatos, construísse pensamentos, mas o livro propriamente dito não aconteceu. Mais ou menos isso....
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