quinta-feira, 7 de abril de 2011

Entrevista com Flavia Simonelli, autora de Paixão e Liberdade




Flavia, ao ler "Paixão e Liberdade" vemos na Isabel a representação da escritora e o resultado de um intenso trabalho de autoconhecimento. Quais as similaridades entre você e Isabel?
A busca pelo autoconhecimento é árdua e requer a coragem de enfrentar as sombras internas, para depois, quem sabe um dia, ser possível encontrar a verdadeira motivação para a vida. Isabel protejava sua felicidade no outro, nas relações, mas passou por decepções na vida emocional, e tampouco se realizava no trabalho. Até que percebeu que enquanto não colocasse no mundo a sua essência, o seu entusiasmo, jamais seria feliz. Jamais seria livre. Sabe, chega uma fase na vida em que o trabalho não pode mais ser apenas uma fonte para ganhar recursos. E os relacionamentos de dependência causam sofrimento, pois aí não existe a troca. Isabel chega a esse momento e começa a realizar o que sempre sonhou: escrever! E descobre uma empolgação completamente nova. Acho que a vida, quando se desenvolve dentro de um caminho de autoconhecimento e autodesenvolvimento, leva a esse ponto. Ainda bem que os anos passam e as maneiras de ver o mundo mudam, trazendo a possibilidade de viver sempre com mais autenticidade.Vejo que aí está a proximidade com Isabel, embora os fatos de sua vida sejam diferentes.
 
O papel da morte na história é central, assim como na experiência humana, nas nossas motivações e percepções sobre a vida. Eu mesma posso dizer que tenho um relacionamento tumultuado com o tema desde criança. E você, Flavia? Como você se relaciona com a morte?
A morte é sempre um lugar desconhecido, misterioso. Para uns, o fim de tudo, para outros, uma passagem para outra existência. No fundo, o medo da morte existe desde sempre, e lutamos por todos os meios para ter vida longa. Mas morrer é também libertar-se do que se tem, deixar-se ir, sem controle, e isso causa muita angústia. Penso que morremos tantas vezes na vida, tantas vezes fechamos ciclos, rompemos com certas situações para iniciar outras. Morremos para renascer em algo novo, e quanto menos resistência, mais a vida flui. Para mim, aprender a morrer faz parte da vida.

Também o tema "Liberdade" é de extrema relevância para o desenvolver da história. Notei em um  certo momento do seu desenrolar que o conceito do exercer da liberdade foi representado como liberdade sexual, em que o sexo se desvincula da fidelidade ou mesmo do compromisso emocional. Percebemos que essa associação está presente, na atualidade, nos maiores difusores culturais, como novelas e filmes. O que você acha disso?
A liberdade, como está no romance, relaciona-se à coragem de colocar os próprios ideais no mundo. Ser aquilo que se é, e isso não significa infidelidade. Aliás, eu penso que quando se vive a busca da verdade interior, as relações se tornam mais transparentes, porque nos tornamos fiéis a nós mesmos, às nossas convicções e a vida emocional encontra um sentido, também. Agora, é notório que vivemos numa cultura em que há muito apelo para os prazeres dos sentidos, e nisso está o prazer sexual, mas que cada um vive conforme suas convicções.

Até que ponto a liberdade sexual deixa de ser expressão da liberdade para se tornar paliativo para um vazio existencial?
Buscar preencher o vazio interior na multiplicidade de relacionamentos leva a um círculo vicioso que não leva à paz interior, e muitas pessoas rodam sem sair disso, porque não conseguem ver saída. Ou não querem. Mas o vazio existe, está lá, e é a falta de entusiasmo pela própria vida. E o entusiasmo só pode ser encontrado dentro de si mesmo, para que depois reverta para o mundo, também. 

No livro “Paixão e Liberdade” também notamos outra tendência atual: a do casamento precoce. Esse comportamento é muito claro na nossa sociedade, onde as pessoas se casam no impulso de suas paixões e, assim, sem dar tempo ao conhecimento mútuo para construir as bases de um relacionamento duradouro, geram separações freqüentes, lares desfeitos e uma percepção negativa do amor. O que você acha dessa ansiedade emocional que as pessoas estão vivendo na atualidade?
 Na verdade, não se pode julgar o tempo que cada um deve se relacionar antes de casar ou assumir um compromisso mais sério. É uma questão pessoal e não há regras. Existem pessoas que namoraram dez anos e permaneceram casados por um ano, apenas. Também não são os papéis que seguram um relacionamento, nem as projeções, os desejos que o outro seja da maneira que esperamos. O que mantém a relação é o caminho que se constrói junto. Passo a passo. Sem máscaras, sem ilusões. E, é claro, a vontade de compartilhar a vida com alguém.


Por fim, eu gostaria de agradecer à Flavia pela parceria e pela entrevista, e também por nos dar o prazer de ler uma história tão humana, tão possível e tão cheia de verdade. De coração, desejo muito sucesso e muita felicidade para esta autora que me pareceu - por foto e pelo seu livro, uma pessoa cheia de bondade e beleza interna. Um beijão!

Lembrando, pessoal: em breve haverá promo de Paixão e Liberdade aqui no Felizvros!
Fiquem de olho!


6 comentários:

  1. Parabéns pela entrevista Mari! Estou ansiosa para ler o livro da Flávia Cristina Simonelli, Paixão e Liberdade. Beijos!

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  2. Ela é uma fofa né, meu blog tem parceria com a Flavia também e estou inclusive sorteando um exemplar do livro dela que eu, particularmente achei o máximo, muito bom e muito bem escrito.
    Parabéns pela entrevista.

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  3. Ótima entrevista Mari!

    A Flavia é super atenciosa =)

    Bjs
    Mari
    Psychobooks

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  4. Adorei a entrevista, Mari!!
    A autora me pareceu ser uma pessoa super atenciosa e simpática. Adorei conhecê-la aqui no blog.
    As respostas foram muito interessantes e curti muito a entrevista. Parabéns!!
    Bom findi.
    Bjos.

    Mariana Ribeiro
    Confissões Literárias.

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  5. Já li o livro dela e estou finalmente terminando a resenha .. Não tenho como descrever ! Amei !!!

    Beijos
    http://amandatavora.blogspot.com

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  6. Parabéns pela entrevista,a Flavia Simonelli me pareceu ser super simpática =)

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