Tem alguma coisa mais linda NA VIDA que essa capa? Sério, gente!
Editora: Paralela
Autor: Cristina Sánchez Andrade
ISBN: 9788565530026
Ano: 2012
Páginas: 160
Sinopse: Um biquíni novo, um passeio de mãos dadas com os irmãos, uma piscina de bolinhas, a chuva, a rotina... Para Julieta, a felicidade é isso. Já para sua mãe, a jornalista espanhola Cristina Sánchez-Andrade, a felicidade é algo um pouco mais complicado, principalmente depois que sua filha foi diagnosticada com síndrome de Down. "Ela vai te fazer companhia a vida inteira", "É um presente de Deus", "Você é forte, vai superar" - é tudo o que tem ouvido desde então.
Através de memórias, bilhetes, cartas, diálogos e impressões, este livro narra a história real de Cristina e sua filha, uma história de atividades, de trabalho, de cobrança, de médicos, mas também de amor, de carinho, de brincadeiras, de beijos. É a história do cotidiano de uma família e de uma criança muito especial, que é impossível não amar - mesmo quando ela insiste em fazer xixi nas calças todos os dias ou toma detergente enquanto ninguém está olhando.
"Às vezes, um objeto qualquer faz dela a menina mais feliz do mundo. Hoje, a felicidade está num esparadrapo." Pág. 16
A Síndrome de Down é um desses assuntos ainda considerados tabu na nossa sociedade. Nossos medos, preconceitos e dificuldade de lidar com o diferente nos afastam da realidade de muitas famílias que convivem com essas pessoas especiais, e é contra esse distanciamento que "O Livro de Julieta" tenta lutar. Sob a perspectiva da mãe de Julieta, uma garotinha com Síndrome de Down, conhecemos uma fração do seu dia a dia, porém sem fantasiá-lo ou enfeitá-lo. Sim, existe muita doçura na leitura, mas também muita dor e cansaço.
O livro não tem exatamente um enredo linear, e sim fragmentos com tom de depoimento - capítulos curtos e independentes que vão desde bilhetes enviados pela escola sobre alguma peripécia aprontada por Julieta à perspectiva dos outros filhos de Cristina e relatos de causos excepcionalmente alegres ou tristes. Durante a narrativa temos uma mãe muito transparente sobre seus sentimentos diante da filha especial, e sem hipocrisias do "socialmente correto" somos apresentados à sua nada fácil experiência de vida.
Chega num ponto em que são tantas as críticas da autora à forma como a sociedade lida com a Síndrome de Down, que ficamos em dúvida sobre o que ela realmente quer que pensemos sobre essas crianças. Comentários repetitivos como "eles são tão carinhosos" e "esse tipo de coisa só acontece com pessoas boas como você" irritam profundamente a autora, porém também é possível nos colocarmos no lugar daqueles que só queriam dar uma palavra de incentivo ao proferirem essas frases. Acredito que a tolerância deve ser praticada por todos, e da mesma forma que a experiência da autora no tema é muito mais profunda devido à sua filha, já é esperado que as pessoas que não convivem com a Síndrome não a conheçam completamente. Assim, às vezes durante a leitura eu sentia muita vontade de perguntar à Cristina se ela entende exatamente como é conviver com o autismo, a esquizofrenia e tantas outras condições existentes no mundo para se achar no direito de julgar aqueles que não entendem a Síndrome de Down. Será que ela é tão à prova de erros como espera que os outros sejam?
Apesar desse tipo de reflexão incitado pela leitura, por se tratar de um tema complicado, ela é absolutamente leve e prazerosa. Com um olhar cotidiano cheio de simplicidade, o livro mostra atos pequenos de Julieta e de pessoas do seu convívio, e
você certamente se pegará sorrindo sozinho (às vezes em público!) cheio de encantamento, amor e afeto pela pequena Julieta.
Nota: 5/5
Capa: 5/5 (AMO essa capa mais que todas as outras do planeta!!! Muito linda!)
Leria de novo? Sim, a experiência de leitura é muito gostosa.
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